EXPOSIÇÃO DE ARTE “UM LUGAR ONDE AMANHEÇA” INAUGURA NO MUSEU D. DIOGO DE SOUSA, NO DIA 1 DE OUTUBRO PELAS 18H30 E PODERÁ SER VISITADA, COM ENTRADA LIVRE, ATÉ AO DIA 30 DE OUTUBRO.



vídeo amador da inauguração da exposição "Um Lugar Onde Amanheça"
A Associação Famílias no âmbito do Projeto Convergências e em parceria com o projeto Clarabóia [agenda cultural da Casa do Professor] realizará a exposição de arte “Um Lugar Onde Amanheça”, que contemplará pintura, escultura, literatura, joalharia, artes plásticas, fotografia e design, sendo o tema restrito aos fenómenos sociais que o projeto se empenha em defender e divulgar, cidadania e igualdade de género, violência doméstica e tráfico de seres humanos.
Esta é uma ação que pretende principalmente dar visibilidade e sensibilizar para as temáticas que orientam o Projeto Convergências, como também expor os trabalhos criativos realizados pelos artistas, para que estes possam, através da sua expressão artística, manifestar as suas preocupações sociais e responsabilidade civil, e assim serem efetivamente interventivos no alerta social e na mudança de conceções e/ou comportamentos.
O desafio da exposição “Um Lugar onde Amanheça” define-se, também, pela vontade de divulgar o trabalho de artistas comprometidos/as com as questões da igualdade e dos Direitos Humanos, que através das suas competências artísticas e intelectuais, críticas e criativas, lançam um grito de alerta à comunidade, sobre aquelas temáticas.
Vários artistas se aliaram a esta causa, criando as suas obras com a perspectiva de contribuírem para a visibilidade das temáticas cidadania e igualdade de género, violência doméstica e tráfico de seres humanos. Os visitantes desta exposição poderão ver trabalhos de vários artistas portugueses, nomeadamente, ANA CALDAS | ANA PASCOAL | BÁRBARA FONTE+ANTÓNIO MACHADO | BEATRIZ ALBUQUERQUE | BENTO DUARTE | BERNARDINO SILVA | DOMINGOS LOUREIRO | FILIPE MOREIRA |FRANKLIN PEREIRA| GUILHERME BRAGA DA CRUZ | HELENA SANTOS | HERNÂNI FERNANDES | HUGO DELGADO | JOANA DE DEUS | JOÃO CATALÃO | JOÃO CONCHA | JOÃO NOUTEL | JORGE VILELA | JOSÉ SOARES | LUÍSA SILVEIRA | MANUELA SÃO SIMÃO | MÁRIO SEQUEIRA | PEDRO MARCOLINO | PEDRO SOARES | SARA MOTA VIANA | SÍLVIA ALVES | SOFIA DE CARVALHO | TEIXEIRA BARBOSA | TERESA GIL | UNA - CÁTIA CARDOSO+CATARINA SOUSA+VERA NARCISO | VÂNIA KOSTA.
Esta exposição conta com o apoio da Arte Total que realizará uma performance de dança, sendo as protagonistas, as bailarinas Gabriela Barros e Lara Franco dirigidas por Cristina Mendanha, diretora artística.
Esta exposição de arte pretende assim reclamar à direito não-violência, ao respeito pelo ser humano.
Pílar del Río escreveu para esta exposição uma reflexão, estruturante e desafiadora sobre os fenómenos sociais retratados pelos artistas, servindo de introdução da própria exposição, intitulada como “A claridade que chega”
“Santa Teresa escreveu sobre a noite escura da alma, um tempo negro em que não se entendia Deus, quer dizer, o mundo. Creio que a noite escura nos habita, às mulheres, e somos por ela habitada há milénios, desde que o primeiro homem saiu da caverna, se pôs de pé e se sentiu capaz de dominar alguém da sua espécie que era menor em estatura. Desde então todos os códigos se escreveram para satisfazer o instinto primário da dominação, e, as mulheres, habitadas pela noite escura, acreditaram que era mandamento divino estarem submetidas ao varão e reproduziram literalmente o estigma da inferioridade.
Agora sabemos que não, que nós, mulheres, temos direito a contar-nos a nós mesmas, a dizer eu, a travar quem venha com histórias para que sigamos a ordem que outros estabeleceram. Não há amos, nem reis nem bandeiras que possam proteger o crime da desigualdade. Somos, as mulheres, hegemónicas entre hegemónicos, co-responsáveis pelo governo da casa e do mundo, redatoras de leis e impulsionadoras de tendências. Nenhuma mão pode levantar-se sobre uma mulher, nenhuma condenação é admissível por ela exigir a liberdade que sempre deveria ter sido o nosso património. A noite escura de Santa Teresa pode hoje iluminar-se com a vontade decidida de mulheres dispostas a parir usos e normas, outro mundo que renegue o que fez escravos e mantém escravas.
Podemos iluminar, sim, mas sobretudo podemos abandonar os medos seculares que nos habitam e que nos fazem depender dos costumes. A liberdade custa mas nós, mulheres, temos vindo a subir todas as encostas carregando os filhos e todos os preconceitos. Agora já não temos medo. O pano desceu, estamos no palco, é a nossa hora e temos a palavra. Que se ouça, é de justiça. (Pilar del Río, 2011 para exposição de arte “ Um Lugar Onde Amanheça”)

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